Cap. 1 - O encontro
Ela aproximou-se dele, pôs as mãos em seu rosto e disse:
- Nosso tempo acabou, foi bom te rever, mas agora precisamos ir.
Será que o tempo acabou mesmo, pensou consigo. Acho que sim. Ele agradeceu por tudo, deu umas batidas na sola do sapato pra cair o excesso de areia e foi embora. Ainda pensou em ficar e dizer alguma coisa que a fizesse mudar de idéia, mas desistiu e foi. Nem olhou pra traz. Afinal de contas, já não tinha nada mesmo para fazer ali, apenas confortava-o aquele lugar. Sabia que nunca mais iria voltar ali, não daquele jeito.
No caminho de volta viu que a lua estava olhando-o, não parava de lhe observar. Quando ele a olhava, logo disfarçava. Acho que ela não queria que ele percebesse. Ela parecia que estava dentro d água, como se tivesse boiando num rio transparente. Tentou enganá-la e dar um flagra, de nada adiantava, estava mesmo disposta a persegui-lo naquela noite, só espiando-o. Ninguém consegue enganar a lua, por mais que tente.
Não sabia o que era pior: ir embora sabendo que o tempo já tinha acabado ou pelo simples fato de achar isso. E ainda tinha a lua que não tirava os olhos dele. Foi quando resolveu parar. Tava frio, mas parou e olhou pra ela. Imediatamente ela parou também. Para sua grande surpresa, não disfarçou mais seu olhar, encarou-o e até sorriu. Acho que também precisava de alguém para conversar.
- Porque você está me olhando e me seguindo desde que sai de lá em dona lua? Eu fiz algo de errado?
Ela apenas brilhou em minha direção.
- Isso é um sim ou um não?
Outro brilho ainda mais forte.
- Dona lua, se esse brilho for um sim, então me mostre o que seria um não.
Daí ela apagou. Tudo ficou escuro. Só as estrelas agora lhe serviam de guia. Pelo menos já sabia o que era um sim e um não.
- Lua, prefiro você dizendo sim. Apareça!
Nada. Só a escuridão.
- Aparece, por favor, não quero ficar aqui sozinho!
- Eu deveria ter saído mesmo quando ela disse que o tempo acabou?
Perguntei já sem esperança nenhuma de alguma resposta. Imediatamente a lua apareceu. Ainda mais bela. Que alívio, não agüentava mais ficar ali naquela escuridão. Por outro lado, surpreso com sua afirmação. A lua nunca erra mesmo, muito sábia. Conformei-me.
- Porque você só mostra um lado? Gostaria de saber como seria seu outro lado. É tão belo quando esse?
Nada aconteceu, nem brilhou, nem apagou. Imaginou que ela própria não soubesse. Percebeu até que o brilho ofuscou. Será que ela não gostou da pergunta? Estaria a lua triste por não ter uma resposta ou será que se irritou com a indiscrição de uma pergunta tão íntima?
Continua...
Cap.2 - O perfume da noite
Cap.3 - O passado se fez presente
Cap.4 - Nosso tempo acabou
TEnho paixão pela lua...gostei muito do seu canto virtual
ResponderExcluirAgradecendo a visita e comentários ao meu blog.
ResponderExcluirAdorei esse post.
A lua é um mistério encantador.
Blog bacana.
Abraço.
Vim agradecer a sua simp�tica visita e tive a surpresa de me deparar com um fant�stico di�logo. Isso, sem falar que sou uma verdadeira adoradora da lua e que a tenho como conselheira e c�mplice.
ResponderExcluirAbra�o