Cap. 3 – A surpresa
Levantou e foi beber água, a sede era insuportável. Sua garganta ressecada já lhe causava súbitos pesadelos. Nem a sede nem os pesadelos, ele sabia que o real motivo daquela insônia era ela. Precisava encontrá-la de qualquer forma, nem que fosse pra proferir o som de seu silencio mórbido e olhar em seus olhos apenas. Aquilo o atormentava e não o deixava em paz. O que mais precisava naquele instante em que saciava a sede, era engolir seu orgulho e satisfazer seu desejo de revê-la, embora soubesse que seria a ultima vez.
Era um misto de curiosidade com vaidade. Quem sabe até saudade. Não conseguia mais definir tal angustia, será que ainda existia algum sentimento. Certamente sim, mas qual? Isso era o mais desafiador. Só uma coisa o faria libertar-se daquela aflição que o contagiava cada vez mais: encontrá-la. Tinha medo que nesse reencontro com seu passado nada mais sentisse, tão quanto e até maior, era o pavor da constatação que nada mudara. Que tudo aquilo que sentiu um dia voltasse à tona, quem sabe ainda mais forte. Talvez o mais coerente fosse nunca mais encontrá-la, manter aquela dúvida para todo o sempre e seguir sua nova vida. Mais de que adiantaria viver com aquela interrogação na cabeça, o melhor era acabar logo com tudo isso.
Muito tempo já se passara desde a última vez que a vira. Como ela estaria? Mais bonita? Madura? Mais feliz? Será que perdeu aquele jeitinho triste de olhar e falar? Por que depois de tantos anos ainda existiam aqueles anseios. Talvez por aquela história precisasse apenas de um fim digno pelo que representou na época.
Eram muitas dúvidas que pairavam em seu eu. A lua já tinha sumido da varanda, o dia raiava e ele precisava urgentemente dormir. Ao voltar para o quarto seu coração acelera do susto ao ser surpreendido com uma ligação. Contrariado e até um pouco ofegante, atende. Seu coração acelerado quase parou ao ouvir aquela voz, era ela. Aquele fantasma voltara justamente no momento de toda aquela reflexão, seria coincidência? Destino? Ele não acreditava muito nessas coisas. Apesar do tempo, nunca iria esquecer aquela voz. Nada mais pronunciou depois de dizer "alô". Ficou mudo, paralisado. Um filme passou em sua mente em apenas 2 segundos. Ela também o reconheceu apenas no "alô" e segura do que dizia, justificou aquela ligação. Pelo tom da voz e principalmente pela forma que falou, não restavam dúvidas. Tudo que ele ainda desejava saber foi esclarecido naquele instante.
Continua...
Cap.4 - Nosso tempo acabou
Cap.1 - O outro lado da lua
Cap.2 - O perfume da noite
Olá Marcos!!
ResponderExcluirAdorei que passastes pelo meu blog, apesar de ainda não tê-lo divulgado muito, fico muito contente que foi de teu gosto.
Gostei muito do seu, super-interessante!!
Também gostaria de adicioná-lo aos meus favoritos, mas por enquanto estou organinzando as coisas por lá...
Podes ficar a vontade, e saiba que sempre serás bem vindo!
Um abraço!