03 setembro 2010

#Poesia: Espinheta Paixão - Dalinha Catunda


Espinheta Paixão

(Dalinha Catunda)

Dois pés de mandacarus
Em uma vereda se via.
Ali cresceram juntinhos
É assim que se noticia.
Não sei se é bem verdade,
Ou lenda que o povo cria.

O povo que passa por lá,
Fazendo sua romaria,
Diz que um, é o tal João,
O outro, é a bela Maria,
Filha de um fazendeiro
Que o namoro não queria.

Ela uma moça bonita!
João um bonito rapaz...
Que fora abatido a tiros,
Pelas mãos de um capataz.
A mando do fazendeiro,
Que nada entendia de paz.

Maria ficou desesperada,
Com a morte de sua paixão,
De posse de um punhal
Sangrou o seu coração,
E caiu em cima do moço,
Que estava morto no chão.

O velho pai desesperado
Acabou por enlouquecer.
Vendo sua filha única
Daquele modo morrer,
E teve ali o seu castigo
Porque fez por merecer.

Pouco tempo depois
Nascia naquele lugar.
Um par de mandacarus
Frente a frente a namorar.
Marco da velha história
Que eu acabo de contar.




5 comentários:

  1. Edison e Sarinha05 setembro, 2010

    A poesia de Dalinha é primorosa. Ela, que conhecemos pessoalmente, escreve com uma perfeição incrível, retratando a realidade sertaneja para todos os olhos.

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  2. Lindíssima!
    O modo nordestino de contar histórias sempre me encantou.

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  3. Olá Marcos,
    Mais uma vez obrigada por postar meus escritos. É um prazer grande coloborar com seu blog.

    Sarinha e Edison obrigada pelo carinho, pelo apoio ao cordel. Temos plenária dia 18 de setembro.

    Isabela, obrigada pelo comentário.
    Mei beijo a todos,
    Dalinha Catunda

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  4. Opa!
    Chegando pra conhecer e
    ja adorando.
    Passa la no blog Espelhando e Espalhando Amigos
    e seja mais um de nos.
    Bjins

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  5. Caros amigos,
    Deixo aqui meu depoimento quanto à capacidade dessa mulher nordestina de trazer para a literatura de cordel um dos temas mais tradicionais da história da literatura universal: o amor x desvenças familiares. Essa é a maior riqueza da literatura, a universalidade. Um romance dessa natureza acontece em qualquer família e lugar. Cabe ao bom escritor e bom poeta o poder de transcrevê-lo em sua linguagem própria. E esse poder Dalinha tem - trouxe para a caatinga um drama de amor universal.
    PARABÉNS pela publicação.
    Rosário Pinto

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