Espinheta Paixão
(Dalinha Catunda)
Dois pés de mandacarus
Em uma vereda se via.
Ali cresceram juntinhos
É assim que se noticia.
Não sei se é bem verdade,
Ou lenda que o povo cria.
O povo que passa por lá,
Fazendo sua romaria,
Diz que um, é o tal João,
O outro, é a bela Maria,
Filha de um fazendeiro
Que o namoro não queria.
Ela uma moça bonita!
João um bonito rapaz...
Que fora abatido a tiros,
Pelas mãos de um capataz.
A mando do fazendeiro,
Que nada entendia de paz.
Maria ficou desesperada,
Com a morte de sua paixão,
De posse de um punhal
Sangrou o seu coração,
E caiu em cima do moço,
Que estava morto no chão.
O velho pai desesperado
Acabou por enlouquecer.
Vendo sua filha única
Daquele modo morrer,
E teve ali o seu castigo
Porque fez por merecer.
Pouco tempo depois
Nascia naquele lugar.
Um par de mandacarus
Frente a frente a namorar.
Marco da velha história
Que eu acabo de contar.
A poesia de Dalinha é primorosa. Ela, que conhecemos pessoalmente, escreve com uma perfeição incrível, retratando a realidade sertaneja para todos os olhos.
ResponderExcluirLindíssima!
ResponderExcluirO modo nordestino de contar histórias sempre me encantou.
Olá Marcos,
ResponderExcluirMais uma vez obrigada por postar meus escritos. É um prazer grande coloborar com seu blog.
Sarinha e Edison obrigada pelo carinho, pelo apoio ao cordel. Temos plenária dia 18 de setembro.
Isabela, obrigada pelo comentário.
Mei beijo a todos,
Dalinha Catunda
Opa!
ResponderExcluirChegando pra conhecer e
ja adorando.
Passa la no blog Espelhando e Espalhando Amigos
e seja mais um de nos.
Bjins
Caros amigos,
ResponderExcluirDeixo aqui meu depoimento quanto à capacidade dessa mulher nordestina de trazer para a literatura de cordel um dos temas mais tradicionais da história da literatura universal: o amor x desvenças familiares. Essa é a maior riqueza da literatura, a universalidade. Um romance dessa natureza acontece em qualquer família e lugar. Cabe ao bom escritor e bom poeta o poder de transcrevê-lo em sua linguagem própria. E esse poder Dalinha tem - trouxe para a caatinga um drama de amor universal.
PARABÉNS pela publicação.
Rosário Pinto