09 março 2009

O imposto do cupido


O imposto do cupido
(Jessier Quirino)

Nos braços da minha amada
Sou inventor de carinho
Tal qualmente um bem-te-vi
Mimando um bem-te-vizinho
Eu chega fico alesado
Feito um bacorim mamado
Pro riba dos bacorinho.

É aquele enganchamento
De perna de boca e mão
Aquele agrado de coxa
É aquela alisação
E se acaso ela der sopa
Descascadinha de roupa
Virge-Maria!… Sei não!

O falar da minha amada
É aquele meio-tom
Aquela vozinha fofa
Que nem um talco pom-pom
Na orelha desse ouvido
É aquele sustenido
Fazendo cochicho bom.

Meu peso sem gravidade
Me manera vento afora
Eu em formato de doido
Esqueço o dia e a hora
E se ela disser: – Menino!
Vambora fazer menino?
Menino, eu digo: – Vambora!

O imposto do cupido
Eu pago só o varejo
Aparecendo um fiscal
Declaro dois ou três beijos
E sonego o apurado:
Chamego luxurioso
Os fósco que acende a chama
Palavreado de cama
Os apelido dengoso
Os meus saldos de balanço
Curruxiado e gracejos
E aviso a fiscaiada
– Se multar a minha amada
Tá multando meus desejos.



Um comentário:

  1. Marcos,
    Sou fã de carteirinha de JESSIER QUIRINO. Parabéns pela postagem.
    Dalinha Catunda

    Amigo eu te confesso,
    Ainda está pra nascer
    Um cabra tão jeitoso,
    No modo de escrever.
    Se tem outro por aí,
    Só conheço o Jessier.

    “Paisagem do Interior”
    É uma coisa divina.
    Mostra com todas as letras,
    Nossa vida nordestina.
    Ao ler me sinto feliz,
    E até volto a ser menina.

    Jessier tu és um bardo,
    Encantando o Brasil.
    Em teu jeito peculiar,
    Tu derrubas mais de mil.
    Na verdade tu és único,
    Sob este céu de anil

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