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Seja um versador, cantador ou repentista, este baiano é mesmo um grande artista! Confira este poema de sua autoria que foi publicado na edição de hoje no Jornal da Besta Fubana.
As feras que vão chegando
Vêm devorando o presente
Já ruminado o passado
Desse futuro doente
E num segundo somente
A mente se “desaquece”
A força desaparece
Faz da saudade uma traça
Roendo a vida que passa
De um tempo que não esquece.
Como um tear picotando
Tecendo a renda da vida
Que se desgasta no tempo
Depois de cada subida
Anunciando a partida
A hora poente desce
E o dia se desfalece
Num banco velho de praça
Sentada a tarde se escassa
Na teia que o tempo tece.
E no apagar das horas
Que zeram a caminhada
A noite que vai embora
Já não representa nada
Ao romper da madrugada
Pede a coberta que aquece
Pois quando a noite anoitece
Com a saudade se abraça
Sonhando o sono da Massa
Que escarnecida adormece.
Mesmo cansado, o descanso
Sonoriza um novo dia
Como um pulsar de relógio
Compassando a melodia
Outra oração se inicia
Cada minuto uma prece
E a hora se fortalece
Leva a saudade na raça
Nascendo em dia de graça
Que o tempo todo agradece.
E nesse ciclo inconstante
Sem início, meio ou fim
Cada noite acorda um dia
Que chama a tarde pra vim
O tempo se "posta" assim
Em vidas, reaparece
E noutro conto enobrece
A nova vida que traça
Erguendo mais uma taça
Ao tempo que o tempo tece.
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