19 agosto 2006

Quando é grande o autor da natureza


A natureza...
O que prende demais minha atenção
É um touro raivoso numa arena
Uma pulga do jeito que é pequena
Dominar a bravura do leão
Na picada ele muda a posição
Pra coçar-se depressa com certeza
Não se serve da unha nem da presa
Se levanta da cama e fica em pé
Tudo isso provando quanto é
Poderosa e suprema a natureza.

A natureza...
Admiro demais o beija-flor
Que com medo da cobra inimiga
Só constrói o seu ninho na urtiga
Recebendo lição do Criador
Observo a coragem do condor
Que nos montes rochosos come presa
Urubu empregado na limpeza
Como é triste a vida do abutre
Quando encontra um morto é que se nutre
Quanto é grande e suprema a natureza.

A natureza...
A abelha por Deus foi amestrada
Sem haver um processo bioquímico
Até hoje não houve nenhum químico
Pra fazer a ciência dizer nada
O buraco pequeno da entrada
Facilita a passagem com franqueza
Uma é sentinela de defesa
E as outras se espalham no vergel
Sem turbina e sem tacho fazem mel
Como é grande o poder da natureza.

A natureza...
Não há pedra igualmente ao diamante
Nem metal tão querido quanto o ouro
Não existe tristeza como o choro
Nem reflexo igual ao de um brilhante
Nem comédia maior que a de Dante
Nem existe acusado sem defesa
Nem pecado maior que avareza
Nem altura igual ao firmamento
Nem veloz igualmente ao pensamento
Nem há grande igualmente à natureza.

A natureza...
Tem um verso que fala da maconha
Que é uma erva que dá no meio do mato
Se fumada provoca o tal barato
A maior emoção que a gente sonha
A viagem às vezes é medonha
Dá suor dá vertigem dá fraqueza
Porém quase sempre é uma beleza
Eu por mim experimento todo dia
Se tivesse um agora eu bem queria
Pois a coisa é da santa natureza.

A natureza...


Autoria
Zé Vicente da Paraíba / Passarinho do Norte / Bráulio Tavares


Um comentário:

  1. Conheci Zé vicente em minha casa
    Numa granja rural onde o hospedei;
    Nessa noite o repente fez-se rei
    E a lenha do improviso fez-se brasa;
    O seu verso perfeito sempre arrasa
    A viola capenga do oponente,
    Sua musa segura e convincente
    Encantava a platéia no terreiro
    E a bandeja repleta de dinheiro
    Coroava o poeta Zé Vicente.

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