03 julho 2009

Quem tem medo do pé-de-serra?


Por: Sevy Falcão

O forró pé-de-serra está ganhando força a exemplo de Caruaru, em Pernambuco e Bananeiras, na Paraíba, que fizeram questão em preservar a cultura junina através de decreto municipal. Parece que houve um desagrado geral de todas as bandas do forró eletrônico, que têm medo de perder um mercado idiotizado, por conta das nossas mais fieis tradições forrozeiras. Eu acredito que as excrescências musicais da qualidade da banda vizzu, da rumaníaco e de outras mediocridades, estão receosas com o possível fortalecimento do forró autêntico. O fato é fácil de identificar e de explicar, porque para tocar esse teclado de som virtual não é necessário ser músico, basta saber manusear um computador e aí ele faz tudo sozinho. é apenas um CD com o arquivo para tocar a porcaria dessa cultura enjaulada, de vida restrita e que já poderia ter morrido há muito tempo.

Entretanto, para tocar forró pé-de-serra é necessário ser músico, sanfoneiro acústico dos bons e ter talento, que não é privilégio para todo bicho de orelha. Com o fortalecimento do forró pé-de-serra, todas essas bandas ficarão inativas e, portanto, aqueles que pensam ou vivem a ilusão que são músicos, desempregados, porque não têm capacidade e nem o dom divino dos instrumentistas da maior de todas as artes. Na arte musical, não tem espaço para Calcinha Preta, Suvaco de Menina, Arrocha meu boi, Moléstia do Pau, Vaco-vaco, Pancada Federal, Calcinha Derrapada, Banda Katrina, Rita de Cássia, sem Cássia e por aí vai...

No Brasil, as comemorações juninas desembarcaram com os colonizadores portugueses que além do São João trouxeram mais dois santos para formar o trio: Santo Antonio e São Pedro, cujos dias são comemorados respectivamente em 13, 24 e 28 de junho. O lançamento de balões e o acendimento de fogueiras estão cada vez mais raros e têm sido combatidos por questões de segurança e da preservação do meio ambiente. Entretanto, com relação à música que faz os festejos juninos, esta não deveria ser maculada e jamais substituída por essa descarga de megatones de decibéis que agridem até os surdos-mudos.

É coisa rara ou quase impossível um homem público defender o lado sadio da cultura. A grande maioria dos gestores públicos não tem interesse em saber os seus concidadãos bem informados. Quanto mais desinformados melhor. Todos ou quase todos vivem com a finalidade precípua de sobrepor a mediocridade à genialidade. Todos pregam a lei da preponderância do menos capaz sobre o mais capaz. Para esse trabalho de lavagem mental todos contam com a colaboração quase total de uma mídia que se presta a interesses subliminares e está impermeável aos fluidos da sensatez.

Todavia, essa mesma mídia que contribui para esse estado de desagregação cultural, tem o desplante de cobrar segurança por conta da violência que grassa. é aí onde entra a falta de coerência de vários segmentos midiáticos, porque todos sabem que a música de má qualidade faz aumentar o consumo das drogas que geram a violência. Nada para esses desinformadores de opinião é mais importante do que viver atrelado a quem paga para divulgar o que há de pior. Assim como o traficante que nunca pensa que o próximo drogado poderá ser o seu próprio filho, o responsável pelo canal da informação não se conscientiza do mal que está causando. Mesmo doendo na própria carne, a consciência de quem estimula a anticultura, está há mil anos luz de distância do reconhecimento de uma prática que nunca será salutar para a cabeça da nossa juventude.


Fonte: Tribuna do Cariri


3 comentários:

  1. Quando soube do decreto municipal, pulei de alegria. Já são sou tão fã de forró [talvez porque não arraso na pista de dança...] e de forró estilizado é eu não sou mesmo, tenho pavor, abomino! Mas o pé-de-serra até que me agrada. Fique feliz ao saber do novo são joão de Caruaru... pena que não fui curtir lá =/

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  2. Olá Maira, agradeço pelos seus comentários sempre aqui. Fica ai o convite para que você possa vir conferir nosso forró pé-de-serra e tantas outras coisas. Abraços.

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  3. Esse tipo de atitude vai garantir a vontade do povo!!! O povão só diz gostar dessas porcarias eletrônicas porque é obrigado a ouvir o tempo todo. Eles não gostam, se acostumam! Garanto que não faltou gente dançando o bom e velho forró de verdade.
    VIVA A SANFONA! VIVA A ZABUMBA! VIVA O TRIANGULO!!

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