25 maio 2009

Contos e fábulas da natureza

Contos e fábulas da natureza
(Raimundo Nonato da Silva)

O cachorro é candidato
O Prefeito ou Senador
O burro vota no gato
Por que jegue é eleitor
E se o gato se eleger
Pode ser governador

Comadre raposa agora
É candidata que vem
Pede o voto do cavalo
E de dona égua também
Raposa e política esperta
A ladra pior que tem

Compadre gato é também
Presidente do partido
Alem de chefe político
Por que é muito sabido
Enganando os bichos bestas
Já estar enriquecido

Compadre tigre também
Diz que é Veria dor
Comadre onça é assessora
E o lobo devorador
Diz que vai ser candidato
E o bode é seu eleitor

Mas o bode é pulador
E não sabe com quem fica
O tesoureiro é o lobo
Deixa todos na fubica
Mas cuidado com a raposa
Se não agora ela inrrica

Gato e raposa roubam
Cachorro é sem consciência
Lobo e rato roubam muito
Por que tem inteligência
Cada golpe de estado
Acaba com a previdência

Na missa da natureza
É lógico que acredito
O papagaio é o padre
Que faz o sermão bonito
Macaco assoveia e toca
Pro galo cantar bendito

O pardal eu admito
Que ele é o são cristão
A andorinha é a freira
O jumento é com razão
Coroinha da capela
Que o louro faz sermão

O papangu é o papa
Que fala mais de um idioma
Temos o papa larga ta
Que não é papa de Roma
No vaticano da mata
Freio graúna se a proma

O cachorro é o soldado
Raposa é réu infeliz
Macaco é advogado
E o leão é juiz
O tigre é o promotor
Corta o mal pela raiz

Já o gato acusa e diz
O roubo que o rato fez
Gato rico testemunha
Rato pobre é pro xadrez
E urubu por ser preto
Com garça nunca tem vez

Papagaio diz mais de uma vez
Por ter descriminação
Rato pobre urubu preto
E galinha faz confusão
Por que preto puta e pobre
Sempre perde na questão

O jumento é com razão
A sentinela do foro
O louro diz um ladrão
Acusar outro ignoro
O gato acusando o rato
E com raiva disso eu choro

Diz o papagaio no fórum
O julgamento inicia
O macaco é advogado
Se ganhar faz alforria
Mas se perder o réu vai
Parar lá na encho via

Julgado de noite a dia
Um acusa outro defende
Por que o disse e me desse
Quanto mais se tira rende
E o leão da um esturro
Só a tigre é quem entende

O criminoso se rende
Mesmo sem ser réu confesso
A audiência se finda
E diz o macaco eu peço
Que absorva o ratinho
Pra ele fazer sucesso

Na medicina ecológica
O cachorro é o doutor
Se outro bicho se fere
Ele lambe e cura a dor
A raposa é a paciente
E a vitima do terror

A garça é a enfermeira
Eu digo e não é boato
Cuida bem do gado e zela
Quando cata carrapato
O hospital da fazenda
Pode ser curral ou mato

O jumento é o vigia
Da porta do hospital
Seu cacêtete estar pronto
Pra quem sair do normal
Quem rejeita sua ordem
Pode se da muito mal

O casso te pula e canta
Canta a rã e canta a gia
Como uma banda de musica
Cantam dentro da água fria
Cururu e sapo boi
Numa noite de harmonia

Lá na mata o te teu pia
E quem canta é a burguesa
Canta a rola cascavel
E o carão na represa
Todos formam uma orquestra
Do coral da natureza

Tem mais de uma surpresa
Numa lida colunata
Perto de uma cachoeira
Ouve se a voz da cascata
Juntam se as vozes dos pássaros
Com a queda da catarata

Escuta se o papa larga ta
Papangu e papa venta
O cão late no terreiro
No quintal rincha a jumenta
Esta orquestra toda noite
A natureza apresenta

Quando a noite se ausenta
Canta o galo no pule iro
Porco ronca e pinto pia
E o sonhinho prezepeiro
Asso veia como um guarda
Noturno em pé no terreiro

Urra o boi quando o vaqueiro
No pescoço bota a canga
Já o macaco ligeiro
A trepa se no pé de manga
Enrola a ponta do rabo
Com meça fazer moganga

Do cachorro o gato manga
Depois que defeca enterra
Chia o rato no buraco
De uma parede de terra
Como alguém que se esconde
Na fronteira de uma guerra

Berra o bode no chiqueiro
Quando o menino lhe amarra
Pra cantar com a voz perra
Na serra tem a cigarra
Até mesmo os animais
Também gostam de fanfarra

Todo dia ali tem farra
Quando o sol se descortina
Canta a peitica e o canário
e o galo de campina
Rouxinol e patativa
Numa manhã nordestina

Urubu não faz buzina
Mas depois que aterrissa
Vê se uma multidão
Cortejando uma carniça
Como um bocado de gente
Olhando o padre na missa

Depois que o vento atiça
A vaga lume se acende
Já a aranha rendeira
Que trabalha e se defende
E quem vir mexer com ela
Na sua rede se prende

Somente o deus que entende
A natureza abençoa
Sabe por que peixe nada
Sabe por que pássaro voa
Por que cobra se arrasta
E por que abelha ferroa

Pra ficar com a voz boa
O sabiá tem prazer
Procura logo pimenta
Mas só quer aqui arder
Não tem ucéra nem grastite
Nada vai lhe ofender

Peba e tatu ao correrem
Metem-se dentro da toca
O gavião pega a cobra
De uma mão pra outra troca
Solta no chão e lhe pega
Fazendo a maior fofoca

As vazes na grande loca
Esconde se a onça pintada
O leão e a pantera
Preparam-se pra cassada
Que pela sobrevivência
Lutam sem temer a nada

Corre a raposa assanhada
Comedo do lobo mal
Com que fica a sua espera
Dentro de um matagal
Do jeito de um pistoleiro
Pra da um golpe fatal

João de barro especial
Faz uma casa de terra
Contem dois compartimentos
Ele faz certo e não erra
Talvez seja o mais sabido
Doa pássaros que tem na serra

Tem a ovelha que berra
O Deus fazendo louvor
O xexéu canta bonito
Por ser um ótimo cantor
Fazendo da natureza
Uma escola de amor

Meu verso aqui se encerra
Falando nos matagais
Nos pássaros e outros seres
E todos os animais
As coisas da natureza
Eu acho linda de mais

Pica-pau serra madeira
Mesmo sem ter dentadura
A formiga cria asas
Para virar tanajura
Rato se torna morcego
E isto não é loucura

Cada um tem o seu dote
Pra lutar de noite a dia
Gato é sargento ligeiro
A onça é tenente e guia
E do oitão do quartel
O cachorro é o vigia

Um no outro se confia
Por se unirem em combate
O leão diz bata em mim
Na leoa ninguém bate
Se eu não defender ela
Meu filhote faz resgate

O transporte do resgate
Dar coice é mula ou jumento
Detona explosão de peidos
E é muito barulhento
O gambá é arma química
Por ter mijo fedorento

Auto desenvolvimento
Temos também a marinha
No exercito lá da praia
Cavalo marinho e sardinha
Peixes de todas espessem
Usando a força todinha

A baleia é a rainha
Topa todo desafio
Pula alto e vai no fundo
Não sente calor nem frio
No porto do oceano
É ele o maior navio

Merece o meu elogio
O tubarão com carinho
Parece com um barco grande
É ele o submarinho
Que nesta força naval
Ele não esta sonsinho

Já a foca e o pinguinho
Ensinam peixes nadar
Cavalo marinho é guarda
Esta sempre a vigiar
Se ver peixe boi marinho
Já corre a traz de pegar

Quando a força do mar
Se sente ameaçada
O poraquê pra dar choque
Combina-se com o espada
E o peixe agulha também
Enfrente qualquer parada

Fora da água salgada
Na doce tem a traira
A piranha é a guerreira
Vê o inimigo e mira
Não usa arma de fogo
Mais uma dentada atira

Na força aéria se atira
Cada um sem ter cansaço
O louro conta piada
O papagaio é palhaço
E o vento ajuda o corvo
Grande piloto do espaço

De tudo eu sei um pedaço
Do exercito da natura
O sonhinho é trapezista
O macaco lhe estrutura
Quem usa o Brasão de arma
Não pode fazer loucura

O mar também tem bravura
Com o seu remanso forte
Um lutando pela vida
Outro enfrentando a morte
Nas suas forcas marinhas
Só vive quem for mais forte

Colibri é helicóptero
Que cheira a flor do jardim
Voa pra frente e pra traz
E nunca se cansa em fim
Bate as asas muitas vazes
Por que Deus lhe fez assim

Já o zigui zigui sim
É ele o lindo avião
Tem as asas transparentes
E mesmo a cima do chão
Comanda a força Aéria
Da base do meu sertão

É a águia com razão
O grande avião aja to
Com bate do ar ao solo
Enxerga a sede e o mato
E filma do céu pra terra
Como quem tira retrato

Tem outro pedrador chato
Mas ele é o ponto chave
Mata o seu rival aos poucos
E tem o vool suave
O qual é o gavião
Eu comparo com uma nave

O urubu não é nave
Mas voa com ligeireza
Morre-se alguém nesta guerra
Pois pode ter a certeza
Que ele come o finado
Fazendo aquela limpeza

O pica pau faz defesa
Com valor especial
Combate o seu inimigo
Seu bico é o arsenal
Destrói o rival no ar
Com uma explosão fatal

Na força aéria das aves
Pois cada um se destina
Defender a sua pátria
Da triste fúria assassina
No batalhão da natura
Um aprende e outro ensina

Não aquém perca a rotina
No exercito do sertão
O galo toca a trombeta
Despertando o batalhão
Cinco horas da manhã
Já começa a malhação

O peru faz pirueta
Gira vigiando a terra
O leão é atalaia
Da fortaleza da serra
O elefante trombudo
Parece um canhão de guerra

Cava um buraco e se enterra
Pra se livrar do ataque
O peba é o carro tanque
Tem casco e suporta Baco
É como os carros de guerra
Usados lá no Iraque

O Tejo prepara ataque
Faz do seu rabo chicote
Casso te é igual a um micio
Quando salta e da pinote
E a cobra é o soldado
Que arma e não erra o bote

O macaco é capitão
Por que tem a pele preta
Quebra coco como quem
Na arma bota espoleta
E faz os colegas rirem
Quando faz uma careta

Eu queria descobrir
Por que a águia é valente
Renova-se a cada dia
Fica bonita e decente
Voa alto e nunca cansa
Encara o sol frente a frente

Por que é que o sol é quente
E por que a lua é fria
Por que um clareia a noite
E outro clareia o dia
E na sua rede elétrica
Nunca faltou energia

Sem pilha e sem bateria
Vaga lume é quem pisca
Quero descobrir por que
Quem não arrisca não petisca
Até pra pegar um peixe
O pescador bota a isca

Por que relâmpago faísca
E por que trovão estronda
Por que é que terra gira
Entorno do sol faz ronda
Por que planes se tem nível
E dona serra é corcunda

Por que cobra não tem bunda
E se a rasta pelo o chão
Vai comendo o pó da terra
Por que não tem pé nem mão
Faz a rodilha arma o bote
E briga até com leão

Quero saber com razão
Por que o porco é seboso
Por que é que pato é limpo
E leão é corajoso
E pavão por ser bonito
Quer da uma de gostoso

Por que coelho é medroso
Por que o peba tem casco
Mora na toca e se vê
O caçador diz me lasca
Por que caçador não brinca
Com seu cachorro carrasco

A canção não é do Vasco
Mas tem a cor branca e preta
Por que larga to se encanta
Para virar borboleta
E o macaco prezepeiro
É palhaço e faz careta

Por que é que a noite é preta
E lua tem quatro fases
Por que é que João de barro
Constrói casa e tem as bases
Assim como o professor
Se expressa bem nas frases

Por que é que a oásis
Da natureza é bonita
Por que é que o mar engole
A vitima e depois vomita
A cigarra não é guarda
E mesmo assim ela apita

Por que coruja é esquisita
Eu quero saber também
Por que sem linha e sem roda
O imbua vai e vem
Com as suas pernas lentas
E parece com o trem

Por que pito quer xerém
Pra sua alimentação
Galinha defende os filhos
Das garras do gavião
Bota de baixo das asas
E encerrou a questão

Quero saber por que cão
Tem muita raiva de gato
O cão persegue a raposa
O gato persegue o rato
No dia que pega um
Está garantido o prato

Quero saber por que rato
Só se transforma em morcego
E qual é a diferença
Do bode para o burrego
E por que o lodo é liso
E provoca o escorrego

Por que tem negro e galego
Por que milho tem boneca
Por que tripa de gambá
Da corda para rebeca
Por que ele fede tanto
Quando urina ou defeca

O tamanduá a breca
E na força se confia
A galinha não tem dente
Come milho põe e pia
Não tem vagina e tem filhos
Burra tem e não da cria

Sé de eu cheirar um dia
Um macho de perto eu corro
Mas já o cachorro cheira
O rabo de outro cachorro
Cutuca o tóba do outro
ele nem da esporro

Tem dois animais domésticos
Que aprendi admirar
Gato defeca e enterra
Sem ninguém lhe ensinar
E o cão late e faz medo
Pro ladrão se assustar

A arara também é
Uma ave muito bonita
A preguiça não trabalha
A Graúna canta e grita
E o mico leão dourado
Pula só pra fazer fita

O rato não acredita
Nas coisas que o gato diz
Nem gato no cachorro
Que não é muito feliz
E diz assim vou morrer
Sem conseguir o que quis

Comadre raposa diz
Compadre cão é esperto
Eu não posso da bobeira
Que ele pode estar perto
Essa é vida dos bichos
Que vivem lá no deserto

Quem é que não admira
O mel que abelha constrói
E a formiga que rói
A folha da macambira
A babuia da trairáe
O canto dos sabiás
As curvas que a cobra faz
Com a maior ligeireza
As coisas da natureza
Eu acho linda de mais

A lua clareia a noite
Com o seu resplendor forte
É quando o vento do norte
Chega dando aquele açoito
Continua no pernoite
A lua e sua clareza
Perecendo uma princesa
Mas é feita de metais
Eu acho linda de mais
As coisas da natureza

No terreiro o bode berra
Quando o Boi urra e da bronca
No chiqueiro o porco ronca
E o lobo urra na serra
O peba escavaca a terra
E um buraco ele faz
Esconde-se dos chacais
Lá na sua fortaleza
As coisas da natureza
Eu acho linda de mais

Cada animal tem o dote
Pra pescar e pra caçar
O cachorro é pra ladrar
Mas a cobra arma seu bote
Pra pegar gente ou casso te
Por dentro dos matagais
Ela é discreta de mais
E tem veneno na preza
As coisas da natureza
Eu acho linda de mais

O cachorro ao se encontrar
Com o outro companheiro
Cheira logo no traseiro
Para lhe cumprimentar
Ou a traz de encontrar
O que perdeu muito a traz
É que a vida dos chacais
Só é fazer safadeza
As coisas da natureza
Eu acho linda de mais

O homem mata o leão
A onça pega o via do
E a tigre ataca o gado
A baleia o tubarão
Águia pega gavião
Macaco um dos animais
Prezepeiros imorais
Faz careta e nogenteza
As coisas da natureza
Eu acho linda de mais

O pica-pau é valente
Que faz do seu bico serra
O gato defeca e enterra
Papagaio imita gente
O pássaro vive contente
Nas reservas florestais
De carniça de animais
Urubu faz a limpeza
As coisas da natureza
Eu acho linda de mais

Tem guará e tem jaguar
E tema jaguatirica
Que golpe fatal aplica
Na hora que vai caçar
Pega a vitima pra matar
E luta com esperteza
Tem muita força na preza
A bicha é muito saga is
Eu acho linda de mais
As coisas da natureza


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