Improvisos de João Paraibano com o mote:
"VEJO A ÚLTIMA ESPERANÇA SE QUEIMANDO NA FOGUEIRA DA SECA NORDESTINA"
Como é triste se olhar para o sertão,
só se vê pelo chão folha caindo,
já não tem o relâmpago se abrindo,
nem estalo bonito do trovão
sabiá não encontra mais melão
na estrada e na cerca de faxina,
nenhum veio no poço mais não mina,
só tem lágrima do povo derramando,
Vejo a última esperança se queimando
na fogueira da seca nordestina.
O baixio se encontra sem ervança,
a campina já está ficando rala,
cada furo na terra é uma vala,
onde está se enterrando uma esperança,
como é triste se ver uma criança,
sem direito a uma papa de arrozina,
não tem leite que incha a teta fina,
a criança e a mãe ficam chorando.
Vejo a última esperança se queimando
na fogueira da seca nordestina.
Só facheiro no cocho o gado come,
para o bode não tem mais jitirana,
essa seca perversa e desumana,
do sertão tá roubando o próprio nome,
um boi magro trambeca com a fome,
passa sede sem água na campina,
com espinho escanchado em sua crina,
uma perna mais fraca, outra mancando.
Vejo a última esperança se queimando
na fogueira da seca nordestina.
Pedro Malta
pfmalta@terra.com.br
Retirado do Jornal da Besta Fubana
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