Por ser um “poeta tribuno”, como se autodefine, João nunca precisou de papel para passar horas declamando Castro Alves, Augusto dos Anjos, Camilo de Jesus Lima e, claro, suas próprias poesias. Inspirado pelas curvas de Niemeyer, ele freqüentou rodas de intelectuais, festas e saraus até o golpe de 64, quando um amigo o alertou:
– João, vá embora que os homens querem sua cabeça!
Se um desconhecido lhe pergunta, hoje, quem foi esse companheiro, ele traga profundamente o cigarro, bate a cinza, solta a fumaça e responde:
– Darcy Ribeiro!
– O Senhor conheceu o Professor Darcy Ribeiro? – delira aquele que pergunta.
– Um homem de uma capacidade incrível! – treplica sem dar muitos detalhes, dando asas à imaginação do curioso.
Como Brasília não tem mar para o peixe grande se entregar à imensidão, Bolinha procurou a primeira rodagem e saiu a flanar pelo Brasil. No caminho, conquistou muitos camaradas, muitos novos versos, muitos amores e, conseqüentemente, 22 filhos.
João Bolinha, um peixe grande
Maiquinique: a derradeira parada
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